Biblioteca Ativa – Mês do escritor: Affonso Romano de Sant’Anna​

Affonso Romano de Sant’Anna

Affonso Romano de Sant’Anna nasceu em 1937, em Belo Horizonte. Jornalista, professor universitário, ex-diretor da Biblioteca Nacional, é considerado unanimemente um dos mais importantes poetas brasileiros da atualidade.

Tem mais de 40 livros publicados, e é professor em diversas universidades brasileiras (UFMG. PUC-RJ, URFJ, UFF).  No exterior lecionou em universidades na Califórnia, Koln e Aix-en-Provence. Seu talento foi confirmado pelo estímulo recebido de várias fundações internacionais como a Ford Foundation, Guggenheim, Gulbenkian e o DAAD, que lhe concederam bolsas de estudo e pesquisa em diversos países. Como jornalista trabalhou nos principais jornais e revistas do país: Jornal do Brasil (pesquisa e copy desk), Senhor (colaborador), Veja (crítico), Isto É (cronista), colaborador de O Estado de São Paulo. Escreve também no Estado de Minas e Correio Braziliense.

Publicou dezenas de livros de ensaios, crônicas e poesias, entre os quais: Poesia sobre poesia (Imago, 1975), Que país é este? (Rocco, 1984), Paródia, paráfrase & cia (Ática, 1985), O canibalismo amoroso (Rocco, 1990), O lado esquerdo do meu peito (Rocco, 1992), A grande fala e A catedral de Colônia (Rocco, 1998).

 

Affonso Romano de Sant’Anna (Belo Horizonte MG 1937). Poeta, crítico e professor de literatura e jornalista. Filho de Jorge Firmino de Sant’Anna, capitão da Polícia Militar, e de Maria Romano de Sant’Anna, ambos de orientação protestante. Ainda pequeno, muda-se com a família para a cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais, onde inicia seus estudos e se aproxima da literatura ao freqüentar as bibliotecas públicas. Começa a carreira jornalística em 1953, publicando críticas de cinema e teatro no Diário Comercial e na Gazeta Mercantil. Em 1954, viaja por diversas cidades mineiras pregando o Evangelho em favelas, hospitais e presídios. De volta à capital mineira, conclui em 1962 o bacharelado em letras neolatinas na Universidade Federal de Minas de Minas Gerais – UFMG e publica seu primeiro livro de ensaios, O Desemprego do Poeta. Organiza, com outros poetas mineiros, a Semana Nacional de Poesia de Vanguarda, em Belo Horizonte, em 1963. No ano seguinte, obtém o grau de doutor pela UFMG, com apresentação de tese sobre o poeta Carlos Drummond de Andrade (1902 – 1987). Casa-se com a escritora Marina Colasanti (1938), em 1970, e vai residir no Rio de Janeiro. Ministra cursos na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC/RJ e na Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, e, como professor convidado, dá aulas de literatura e cultura brasileiras em universidades da França, Alemanha e Estados Unidos. Assume a presidência da Fundação Biblioteca Nacional em 1990. Um ano depois, cria a revista Poesia Sempre, importante veículo de divulgação da poesia nacional no exterior. É nomeado, em 1995, para o cargo de secretário-geral da Associação das Bibliotecas Nacionais Ibero-Americanas. Colaborador assíduo da imprensa em toda sua carreira jornalística, escreve textos para os jornais O Globo, Folha de S. Paulo, Jornal do Brasil, Jornal da Tarde, Correio Braziliense e O Estado de Minas. Tem poemas traduzidos para o espanhol, inglês, francês, alemão, polonês, chinês e italiano.

 

Obra de Affonso Romano de Sant’Anna: Poesia – Canto e Palavra – 1965; Poesia sobre Poesia – 1975; A Grande Fala do Índio Guarani Perdido na História e Outras Derrotas – 1978; Que País É Este? – 1980; A Morte da Baleia – 1981 ; A Catedral de Colônia e Outros Poemas – 1987; A Poesia Possível – 1987; O Lado Esquerdo do Meu Peito – 1991 ; Textamentos – 1999; Vestígios – 2005; A Cegueira e o Saber – 2006. Crônica – A Mulher Madura – 1986; O Homem que Conheceu o Amor – 1988; A Raiz Quadrada do Absurdo – 1989; De que Ri a Mona Lisa? – 1991; Fizemos Bem em Resistir – 1994 ; Mistérios – 1994; A Vida por Viver – 1997; Que Presente Te Dar – 2002; Nós, os que Amamos Tim Lopes – 2002; Pequenas Soluções – 2002; Antes que Elas Cresçam – 2003; Os Homens Amam a Guerra – 2003. Ensaio – O Desemprego do Poeta – 1962; Drummond, o Gauche no Tempo – 1972; Análise Estrutural de Romances Brasileiros – 1973; Por um Novo Conceito de Literatura Brasileira – 1977; Música Popular e Moderna Poesia Brasileira – 1978; Carlos Drummond de Andrade: Análise da Obra – 1980; Emeric Marcier – 1983 ; O Canibalismo Amoroso – 1984; Política e Paixão – 1984; O que Aprendemos até Agora? – 1984; Paródia, Paráfrase & Cia. – 1985; Como Se Faz Literatura – 1985; Agosto 1991: Estávamos em Moscou – 1991 (com Marina Colasanti); Barroco: Alma do Brasil – 1997; Barroco, do Quadrado à Elipse – 2000; A Sedução da Palavra: Ensaios e Crônicas – 2000; Desconstruir Duchamp: Arte na Hora da Revisão – 2003; Que Fazer de Ezra Pound? – 2003

“Há uma serenidade nos seus gestos, longe dos desperdícios da adolescência, quando se esbanjam pernas, braços e bocas ruidosamente. A adolescente não sabe ainda os limites de seu corpo e vai florescendo estabanada. É como um nadador principiante, faz muito barulho, joga muita água para os lados. Enfim, desborda.

A mulher madura nada no tempo e flui com a serenidade de um peixe. O silêncio em torno de seus gestos tem algo do repouso da garça sobre o lago. Seu olhar sobre os objetos não é de gula ou de concupiscência. Seus olhos não violam as coisas, mas as envolvem ternamente. Sabem a distância entre seu corpo e o mundo.

A mulher madura é assim: tem algo de orquídea que brota exclusiva de um tronco, inteira. Não é um canteiro de margaridas jovens tagarelando nas manhãs.”

(A Mulher Madura